Muito se fala hoje em dia do que se convencionou chamar de
narrativa transmídia. Particularmente é um tema que muito me atrai e tenho
passado meus últimos meses em busca de conceitos e respostas que conduzam meus trabalhos
no cinema, tv e internet.
Em outros tempos comunicar seria apenas a simples troca de
informações ao se estabelecer algum relacionamento entre indivíduos. Mas o que muda quando as mídias tradicionais
conhecidas como “mídias de massa”, que tem como característica principal um
produção em escala industrial para o consumo rápido e imediato, encontram as
novas mídias interconectadas pela internet que atuam de forma decentralizada,
autogerida, gratuita e cada vez mais colaborativa?
O ato de contar histórias é por muitas vezes deixado de lado
sempre quando uma nova técnica ou uma nova tecnologia surge. Por isso, é
importante que o processo de roteirização de uma narrativa transmídia (um
sistema de comunicação audiovisual que é ao mesmo tempo meio e linguagem) junte os elementos tradicionais do drama tão
comuns ao cinema e televisão com os recursos específicos das novas mídias como
interatividade, navegação não linear e autoração colaborativa.
Por definição o audiovisual tradicional é um produto composto
por imagens em movimento com o propósito de troca comunicacional, trabalhando
os estímulos sensoriais tanto da audição como da visão. Mas agora, com o
processo transmídia, a maneira como narramos nossas histórias cada vez mais
complexa. Elas podem ser contadas por diversos pontos de vista, histórias paralelas,
possibilidade de interferência na narrativa e muito mais. Por isso devemos
talvez chamarmos aquele que antes era conhecido como espectador por “interator”,
que seria aquele que improvisa caminhos determinados pelo autor nas multiplas narrativas
interligadas pelas obras das novas mídias.
Este é o ponto. Cada conteúdo apresentado através dos meios
hibridizados pela narrativa transmídia exige uma delicada elaboração para a sua
apresentação com o intuito de garantir a unicidade da obra como um todo. O
nosso “interator” (usuário e espectador) precisa sentir que, apesar de meios e
formas diferentes que ele possa utilizar, ele esta diante de uma única obra que
“vive” sozinha ou em conjunto.
Para nossa reflexão, vou colocar aqui algumas questões que
vamos debater ao longo das próximas semanas. .. Será que já foram superados
todos os desafios em transformar tal meio em fluente plataforma de comunicação?
Já existe uma linguagem consolidada para o desenvolvimento de uma obra
transmídia? O público já aprendeu a “ler” com desenvoltura uma obra com estas características?
E para apimentar ainda mais estas questões, reproduzo uma
frase de Álvaro Vieira Pinto, que fala que as descobertas tecnológicas não
levam necessariamente à sua imediata popularização. “A cultura grega, por exemplo, não poderia aproveitar as
descobertas de Heron ou de Arquimendes, que levariam rapidamente ao surgimento
das máquinas a vapor, com a inevitável ruina do sistema vigente de produção,
montado sobre o trabalho escravo.” Ou seja, para ele não se faz suficiente a
criação de uma nova tecnologia; é preciso que, somada a ela, haja outro
componente para sua popularização.
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