Por Henrique Cesar Ulbrich.
Os três maiores fabricantes das caríssimas câmeras de cinema não mais fabricarão modelos de película. O cinema, a partir deste 2011, será exclusivamente digital – pelo menos, no que depender de equipamento novo.
De acordo com um artigo no site da revista Creative Cow, a alemã ARRI, a francesa Aaton e a norte-americana Panavision encerraram, sem muito alarde, a fabricação de câmeras de cinema que usam os tradicionais filmes “de película”. O artigo, aliás, foi apropriadamente intitulado Film Fading to Black, fazendo referência ao efeito de escurecer a cena até a tela ficar completamente negra, normalmente usado para encerrar a história.
Bill Russel, vice-presidente de câmeras da ARRI, conta que o problema não é a diminuição gradual do uso dessas câmeras. Em entrevista à Creative Cow, deixou claro que a coisa foi cataclísmica: “a demanda por câmeras de película, em todo o mundo, simplesmente desapareceu”. Segundo Russel, esse foi o motivo pelo qual a empresa, desde 2009, só monta câmeras de película sob encomenda.
Jean-Pierre Beauviala, fundador da Aaton, faz côro: “Absolutamente ninguém compra mais essas câmeras. Por que comprar uma nova, se há tantas usadas muito mais barato pelo mundo? Não sobreviveríamos nessa atividade se não projetássemos nossa própria câmera digital”.
Obviamente, isso não implica que filmes em película vão parar de ser rodados imediatamente. Por muitos anos ainda as câmeras existentes e os rolos de filme virgem (ainda fabricados) se transformação em arte. Todavia, o fato marca o declínio indelével dessa mídia. Podemos esperar que, em breve, Kodak e Technicolor parem também de produzir as próprias películas, que se tornarão cada vez mais difíceis de encontrar, manipular revelar e editar.
Como o próprio Creative Cow definiu a situação: “Alguém, em algum lugar do mundo, tem em mãos hoje a última câmera de cinema ‘das antigas’ a sair de uma linha de produção". Ou, como resumiu o site Saloon.com: as câmeras de filmes serão para o cinema o mesmo que as máquinas de escrever são hoje para a literatura.
Mesmo o cinema digital pode, em breve, morrer, segundo o artigo da Creative Cow. A internet conseguiu fazer o que a TV não havia conseguido: tornar o cinema menos relevante. Quem nunca desistiu de ir à sala de projeção porque já havia visto o filme na telinha do computador – possivelmente pirateado – que atire a primeira pedra.
É triste. Mas o mundo gira. É preciso.
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